Protagonismo Profissional

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Você provavelmente já participou ou conhece alguém que, em uma entrevista de emprego, disse que “seu plano de carreira” era crescer e se desenvolver dentro daquela empresa. Essa resposta dá a impressão de que a trajetória profissional ideal seria vivenciada, na maior parte do tempo, dentro daquela mesma organização.

Arrisco-me a dizer que, culturalmente, muitos de nós já estivemos — ou ainda estamos — atrelados à mentalidade da “era do emprego”, quando o “sonho profissional” consistia em ingressar em uma empresa e lá permanecer, recebendo um salário “seguro” e sendo promovido conforme a meritocracia interna. Era um período marcado pelo microgerenciamento, com estruturas rigidamente hierárquicas, onde o reconhecimento era previsível e linear, e a gestão da carreira ficava totalmente a cargo da empresa.

Com o passar dos anos, no entanto, as pessoas começaram a ser valorizadas por suas habilidades e conhecimentos individuais, e o modelo linear de carreira foi dando lugar a uma nova realidade. Hoje, o talento individual tem mais destaque, proporcionando visibilidade para diversas empresas e mercados. Com isso, surge a possibilidade de escolher onde estar, em vez de simplesmente seguir uma trajetória predeterminada por uma organização.

À medida que os profissionais se destacam, vemos cada vez mais pessoas transitando entre diferentes nichos e cargos, demonstrando uma capacidade constante de evolução e desenvolvimento. Isso prova que somos os principais responsáveis pela nossa própria trajetória profissional.

No entanto, apesar das transformações, ainda há muitos profissionais que deixam nas mãos da empresa o controle sobre o direcionamento de suas histórias profissionais, mesmo quando isso não está alinhado com suas próprias vontades. Além das organizações, a sociedade, com seus padrões, culturas e estereótipos, continua pressionando para que sigamos caminhos “tradicionais”, mesmo em um contexto cada vez mais disruptivo e inovador.

Então, como romper esse ciclo?

O primeiro passo é o autoconhecimento. Conhecer a si mesmo é essencial para entender suas necessidades, ambições, medos, pontos fortes e fracos, bem como seus desejos e sonhos. A partir desse entendimento, é possível traçar um caminho que leve à realização pessoal e profissional. E quando falo em realização, não me refiro apenas ao aspecto financeiro. Embora o retorno financeiro seja importante, trabalhar com algo que amamos gera uma motivação intrínseca que muitas vezes supera a carga horária e as demandas do dia a dia.

Quando foi a última vez que você conversou sobre sua carreira na empresa em que trabalha? Com quem discutiu esses planos? Você sabe onde quer estar no futuro? Quer um cargo de liderança? Prefere uma função mais técnica ou operacional? Gosta de estar em contato com clientes ou de atuar nos bastidores? Quando você compreende suas necessidades além do aspecto financeiro, torna-se mais fácil alinhar sua vontade de trabalhar com os resultados que a organização espera.

Esse raciocínio também se aplica a quem está fora do mercado de trabalho. Em momentos de dificuldade, é comum aceitar qualquer emprego, sem avaliar se ele se está alinhado com seus objetivos, ou de alguma forma, oferece a motivação necessária. No entanto, é importante lembrar que, em uma sociedade onde o indivíduo é indispensável para o desenvolvimento humano e a inovação, a satisfação pessoal é um dos principais motores para o sucesso profissional.

Encontrar seu “tom de voz”, seu ambiente ideal e seu estilo de trabalho traz confiança. Isso, por sua vez, melhora sua comunicação e visibilidade, permitindo que você tenha mais controle sobre onde, como e quando deseja atuar.

Essa situação não deve ser vista como um sonho distante, mas como uma realidade alcançável. Já vi isso acontecer com inúmeros clientes de diferentes perfis e históricos. Quando temos clareza sobre quem somos e o que queremos, ganhamos a coragem de buscar mais, perdemos a timidez e encontramos o lugar que realmente nos pertence.

Assumir o protagonismo da própria carreira pode parecer assustador e desafiador — e, de fato, é. Mas a satisfação e a realização de trabalhar com algo que faz sentido para nós tornam cada desafio, cada “frio na barriga”, uma experiência que vale a pena.

A sociedade, ao longo do tempo, condicionou-se a tratar aqueles que rompem padrões como figuras extraordinárias, visionárias, quase como super-heróis. Isso é um erro. Precisamos humanizar essas pessoas e reconhecer que cada um tem seu próprio processo e sua própria realidade. A mudança é possível para todos, mas requer dedicação e sacrifícios.Na sua próxima entrevista, tenha clareza sobre o que realmente deseja. Mesmo que seu objetivo seja construir uma carreira dentro da organização, fale como alguém que fez essa escolha de forma consciente. Não deixe transparecer que está apenas preenchendo uma vaga. O protagonismo começa com você.

Texto de Cesar Almeida
Consultor & Coach

César Almeida, Coach Executivo e Consultor de Recursos Humanos

Cesar Almeida

Para aqueles que estão chegando agora, sejam bem vindos! Sou César Almeida, Coach Executivo e consultor de Recursos Humanos, especialista em diversidade, equidade e inclusão. Formado em Direito, atuei por mais de 15 anos no universo jurídico, até que direcionei meu desenvolvimento profissional para a área de pessoas, diversidade e liderança.

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